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A atriz Claudia Cardinale morreu nesta terça-feira (23/09/2025), aos 87 anos, perto de Paris. Nascida em 1938 na Tunísia, de família italiana, sua primeira língua foi o francês. Ela entrou para o cinema após vencer, aos 17 anos, um concurso de beleza em Túnis, mesmo sem interesse inicial em atuar.
Aos 22 anos, filmou "Rocco e Seus Irmãos" (1960) com Luchino Visconti, que um ano depois lhe deu um de seus papéis mais emblemáticos, o de Angelica em "O Leopardo", ao lado de Alain Delon e Burt Lancaster, em 1963.
Frequentemente comparada a Brigitte Bardot, a morena “CC” e a loira “BB” trabalharam juntas em um filme, "As Petroleiras" (1971).
Em entrevistas, Cardinale contou que sua entrada no cinema foi motivada pela necessidade de sustentar o filho, Patrick, fruto de uma gravidez precoce em circunstâncias difíceis (estupro).
Ao longo de mais de 60 anos de carreira, trabalhou em mais de cem filmes e recebeu prêmios e homenagens, incluindo o Leão de Ouro honorário do Festival de Veneza em 2002.
Claudia Cardinale é lembrada como uma das grandes atrizes do cinema europeu do século 20, reconhecida por sua contribuição à história do cinema.
“Era bela, simples, sem história, mas quando a câmera gravava, ela se iluminava com um sorriso e um olhar carinhoso que destacava sua voz rouca. Os grandes a magnificaram, ela os serviu e nós, nós amávamos ternamente essa pessoa delicada”, comentou à AFP Gilles Jacob, ex-presidente do Festival de Cannes.
Durante quase 50 anos a família do músico Tenório Jr. deve ter sofrido muito ao ouvir essa canção de Lupicínio Rodrigues, na voz de Gal Costa, do disco "Índia", de 1973, no qual ele a acompanha ao órgão. Conforme reportagem de Eduardo Reina e Vitor Nuzzi no "Estadão" deste sábado, 12/09/25, foi identificado seu corpo, desaparecido desde março de 1976 durante uma turnê com Vinícius e Toquinho em Buenos Aires.
Morto com 5 tiros, provavelmente confundido com algum inimigo do regime militar que se instalaria no país dias depois, a Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) finalmente o identificou. Ele havia sido sepultado com não identificado em um cemitério local.
Francisco Tenório Cerqueira Júnior, conhecido como Tenório Júnior, nasceu em 4 de julho de 1941 no Rio de Janeiro e cresceu no bairro de Laranjeiras. Pianista talentoso, destacou-se no gênero samba-jazz, estilo de música instrumental brasileira dos anos 1960. Admirador de Bill Evans e Horace Silver, era presença constante nos clubes do Beco das Garrafas, em Copacabana.
Seu único álbum como líder foi "Embalo" (RGE, 1964), gravado enquanto cursava Medicina, com participações de grandes nomes como Paulo Moura, Raul de Souza, Milton Banana e Rubens Bassini. O disco inclui faixas marcantes como "Nebulosa", "Samadhi" - ambas dele - e "Consolação" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), revelando seu talento precoce aos 23 anos.
Tenório também colaborou em álbuns de artistas como Edison Machado ('É samba novo'), Wanda Sá ('Vagamante'), além de ter seu nome presente em gravações de Milton Nascimento, Edu Lobo, entre outros.
A esposa, Carmen Cerqueira Magalhães, e dois de seus cinco filhos não estão mais aqui para receber a notícia.
Inconformado que Hermeto Pascoal tenha morrido! Estava programado o alarme para comprar o ingresso para a próxima apresentação dele no Sesc... Do disco em homenagem à sua companheira, Ilza, show este que perdi as outras datas por razões diversas. Hermeto morreu neste sábado, 13/09/25, aos 89 anos, no Rio de Janeiro.
Eu o vi no palco há muitos anos, num circo no Anhembi, ou sei lá onde... faz tempo. O que não esqueci é que o show acabou e ele convidou a plateia a sair da tenda e continuar o show na calçada, na rua. Inspirado em sua incrível habilidade em extrair sons de qualquer objeto, comecei a batucar o sabugo da espiga de milho cozido recém debuvorada.
Nunca me esqueço de sua apresentação no Festival Abertura, da TV Globo, em 1975, tocando "O Porco na Festa", laureada como melhor arranjo no certame.
Em 1983, comprei meu primeiro LP dele, "Hermeto Pascoal & Grupo", pela Editora e Produtora Fonográfica Som da Gente, no qual o time é para deixar qualquer Ancelotti babando: Heraldo do Monte, Carlos Malta, Jovino Santos, Itiberê Zwarg, Márcio Bahia, Pernambuco...
"O músico é um cara mágico, com energia diferente, que se comunica com as pessoas através da música. Quando ele consegue passar essa energia, e da mesma forma receber, ele consegue o maior êxito." Está escrito lá na contracapa do disco. Não sei se foi Hermeto quem escreveu, mas é algo que entendo que ele sentia.
Mais recentemente, comprei o CD "Zabumbê-bum-á", disco de 1979 relançado pela Livraria Cultura, em 2011, sob licença da Warner. No disco, Hermeto é acompanhado por Nenê, Itiberê, Zabelê, Cacau, Jovino, Pernambuco, seu pai, Pascoal José da Costa, e sua mãe, Divina Eulália de Oliveira, além de Antonio Celso, Alexandre, Marcelo, Paulo, Cecília e Ruy.
1979 foi também o ano em que Hermeto recebeu o título de "um dos maiores músicos do mundo ", durante sua apresentação no Festival de Jazz de Montreux, Suíça. Apresentação esta em que toca com Elis Regina três músicas ("Asa branca", "Corcovado" e "Garota de Ipanema") em que o público vem abaixo...
Hermeto era múltiplo. Não porque tocava múltiplos intrumentos e não-instrumentos. Ou porque transitava em quaisquer vertentes musicais. Era múltiplo porque não tinha fronteiras, nem amarras, nem arreios. Era livre, e por ser livre não cabia em nenhuma classificação, em nenhum escaninho. Em nenhum padrão. Era Hermeto!
Não vai dar para vê-lo no Sesc nem agora, nem nunca mais.
A cantora, compositora e pianista Angela RoRo morreu nesta segunda-feira, 8 de setembro de 2025, aos 75 anos.
Há poucos dias, vi uma postagem dela numa rede social, pedindo doações para seu tratamento. Diz o noticiário que ele teve uma infecção pulmonar e seu apelo é porque não dispunha de recursos para se tratar.
Não sei o quanto isso é verdade. O que sei é que uma artista de sua importância e talento não deveria passar necessidade. Será que nenhum dos seus admiradores poderia fazer algo?
RoRo apareceu pela primeira vez tocando gaita em uma das faixas do álbum "Transa", de Caetano Veloso, lançado em 1972, quando de seu exílio em Londres. A música é "Nostalgia (That's What Rock'n Roll Is All About)".
Caetano compôs para ela "Escândalo", que dá título a seu terceiro álbum, de 1981. Mas seu primeiro LP, homônimo, veio à luz dois anos antes, com 12 composições de sua autoria.
A que ganhou repercussão foi "Amor, Meu Grande Amor", dela e Ana Terra, que está na trilha da novela da Globo "Água Viva", de Gilberto Braga, e "Caminho das Índias", de Glória Perez, mas é um disco repleto de ótimas canções, como "Cheirando A Amor", "Tola Foi Você", "Balada da Arrasada", "Abre o Coração".
Aliás, não faltaram canções em sua voz a entrarem em trilhas de novelas da TV Globo... Busque saber.
Ano seguinte, vem com "Só Nos Resta Viver". O LP tem sua interpretação visceral para "Bárbara", de Chico Buarque e Ruy Guerra, da peça "Calabar - O Elogio da Traição", e "Fica Comigo Esta Noite", de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves, ambas acompanhadas ao bandoneón por Ubirajara Silva.
O LP tem ainda duas faixas que são sua própria essência (além das composições que falam de amores vêm, amores vão): "Meu Mal é a Birita" e "Tango da Bronquite" (também com o bandoneón de Bira, claro).
O disco de 1981, "Escândalo", traz também "Tão Beata, Tão à Toa", de Guto Graça Mello e Naila Skorpio, que, em versão roqueira de Marina Lima, entrou no tema de abertura da novela "Corpo a Corpo", de Gilberto Braga, na Globo. "Vou Lá No Fundo", de Naila Skorpio e Sônia Burnier, é outra de minhas lembranças da artista.
"Simples Carinho", de 1982, abre com a faixa-título, composta pelos mestres Abel Silva e João Donato. Tem ainda uma de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, "Demais" -que parece ter feito sob medida para ela (Todos acham que eu falo demais / E que eu ando bebendo demais / Que essa vida agitada / Não serve pra nada / Andar por aí / Bar em bar, bar em bar...). Vai que, né?
Em "A Vida é Mesmo... Assim", de 1984, ela aparece cândida na capa, com um véu rosa, e apresenta "Fogueira", baita canção que ganhara antes interpretação igualmente intensa de Maria Bethânia em seu álbum "Ciclo", de 1983.
"Eu Desatino" é seu trabalho de 1985, que teve a primeira faixa, "Blue Janis", proibida à execução pública (talvez por se referir à heroína ou à liberdade sexual em seus versos cortantes).
"Prova de Amor", de 1988, traz composições de Bernardo Vilhena e Lobão ('Sempre Uma Dose A Mais'), Tavinho Paes e Arnaldo Brandão ('How Green Was Your Monkey') e outras dez dela - duas em parceria, "Viciado em Regras", com Aleph D. Clic, e "Funk do Negão", com Ari Mendes.
Em 2000, lança "Acertei no Milênio", uma brincadeira com "Acertei no Milhar", samba de Wilson Baptista e Geraldo Pereira gravado em 1940 por Moreira da Silva. Neste CD grava dois standards norte-americanos, "All Of Me", de Seymour Simons e Gerald Marks, e "Don't Let Me Be Misundertood", de Bennie Benjamin, Horace Ott e Sol Marcus. Neste disco RoRo dá sua interpretação para "Gota D'Água", de Chico Buarque.
Em 2006 lança "Compasso", cuja canção título, dela e de Ricardo Mac Cord, é quase um epitáfio: "Vou carregar de tudo vida afora / Marcas de amor, de luto e espora / Deixo alegria e dor / Ao ir embora".
"Selvagem", de 2017, foi seu último disco com canções inéditas, gravado em casa, na realidade no lar de seu tecladista e parceiro Mac Cord. O disco traz repertório variado, que vai do baião ('Parte Com o Capeta'), ao constante blues ('Portal do Amor'), passando pelo samba ('De Todas as Cores' e 'Maria da Penha').
Entre esses últimos, ela lançou dois álbuns com canções consagradas, "Angela RoRo Ao Vivo", de 2006, e "Feliz da Vida"", em 2013. Houve ainda o primeiro ao vivo, "Nosso Amor Ao Armagedon", de 1993, vários singles e compilações.
Vida
Nascida Angela Maria Diniz Gonçalves em 5 de dezembro de 1949, no Rio de Janeiro, ela foi uma das maiores vozes da música brasileira, conhecida por sua voz rouca, letras confessionais e uma presença de palco única.
O interesse pela música começou cedo. Aos 5 anos, já estudava piano clássico e, um ano depois, compunha em seu acordeão. O apelido "RoRo" surgiu na adolescência, por causa da sua voz grave e rouca, uma marca registrada que a acompanharia por toda a carreira.
No início dos anos 1970, Angela RoRo se mudou para Londres, onde trabalhou como faxineira, garçonete e lavadora de pratos. Paralelamente, ela se apresentava em pubs, tocando piano e cantando. Foi nesse período que teve contato com o cineasta Glauber Rocha, que estava em exílio, e chegou a ser convidada pelo empresário Malcolm McLaren (futuro mentor dos Sex Pistols) para gravar um álbum de blues, projeto que não se concretizou.
Ao retornar ao Brasil, Angela RoRo se firmou como uma das figuras mais originais da MPB. Sua autenticidade e a forma como falava abertamente sobre sua sexualidade a tornaram um ícone, especialmente na comunidade LGBTQIAPN+.
Ao longo de sua carreira, Angela RoRo lançou diversos álbuns e teve suas músicas gravadas por grandes nomes da música brasileira, como Maria Bethânia, Ney Matogrosso e Marina Lima. Uma curiosidade é que a famosa canção "Malandragem", composta por Cazuza, foi oferecida a ela, mas RoRo recusou-se a gravá-la por não gostar da letra, e a música acabou sendo imortalizada na voz de Cássia Eller anos depois.
RoRo, que foi eleita pela revista "Rolling Stone" como a 33ª maior voz da música brasileira, continuou ativa até seus últimos anos, se apresentando em shows e participando de programas de TV, sempre com sua personalidade forte e seu talento inquestionável. Ela deixou um legado de coragem, talento e autenticidade. (Fontes: Discos do Brasil, Discogs, O Globo, G1, Biscoito Fino e Gemini)
O mês de agosto de 2025 terminou com a celebração de um dos discos mais fodásticos da discografia Zappiana - e, por que não dizer, do rock-pop-jazz mundial: "One Size Fits All". E a homenagem não poderia partir de uma galera mais que qualificada: a Central Scrutinizer Band!
A banda paulistana também tem efeméride a comemorar: em julho, completaram 35 anos de existência, entre formações diversas, mas com o núcleo-base ainda na ativa: Mano Bap (guitarra e voz), Cadu Bap (sax alto e voz), Hugo Hori (sax tenor, soprano, flauta e voz), Eron Guarnieri (teclados e voz), Ricardo Bologna (percussão), Caio Góes (baixo) e Claudio Tchernev (bateria).
A banda levou à Cervejaria Tarantino, na zona norte (pertinho de casa), a íntegra do álbum do Frank Zappa & The Mothers of Invention lançado em junho de 1975 que, simplesmente, redefine a obra dos artistas e marca em mármore o nome da banda no pedestal dos grandes da cultura pop mundial.
Não digo que "One Size Fits All" seja meu álbum preferido do Zappa... Eu ouvi TODOS seus 58 LPs oficiais - de "Freak Out (1966) a Yellow Shark (1993) - e este, se não é meu preferido, pelo menos é o que ouço com mais frequência.
Por quê? Não sei... Há uma pulsação nele que me remete a uma camada primitiva de meu ser, algo incompreensível, mais intuitivo, sensorial que intelectual, racional...
A banda Central Scrutinizer, da qual vários de seus integrantes militaram em outras paragens, tipo Karnak e Funk Como Le Gusta, é considerada - até pelo próprio Zappa - uma das melhores a celebrarem o repertório do gênio de Baltimore.
Esta apresentação mostrou o tamanho deles e da obra que resolveram homenagear. "One Size Fits All" é um disco que foi sendo melhor compreendido com o tempo. Em seu lançamento, 50 anos atrás, a imprensa especializada não foi unânime: o álbum foi recebido com certa cautela por alguns críticos.
Com o tempo, a crítica - e os ouvintes - foram percebendo o quanto de inovador e revolucionário o trabalho é. E os conceitos se foram apurando. Até que hoje é inegável se tratar de uma obra-prima.
O disco é visto hoje como o ápice da fase "jazz-fusion" de Zappa e de sua colaboração com a segunda formação da banda The Mothers of Invention, que muitos fãs consideram a mais icônica. A virtuosidade dos músicos, especialmente de George Duke (teclados), Ruth Underwood (vibrafone e marimba) e Chester Thompson (bateria), é um dos pontos mais elogiados.
"One Size Fits All" também é notável por ser o primeiro álbum de Zappa a ser gravado inteiramente em uma mesa de 24 canais, o que permitiu uma qualidade de som e uma densidade de arranjos sem precedentes em sua discografia até então.
Mas não é preciso entender dessas minúcias técnicas ou estilísticas para apreciar esses quase 44 minutos de puro deleite. Os quais a banda CS reproduz com maestria e uma dose correta de improviso e releitura.
Que 2026 os traga firmes para repetir a dose nos 60 anos de estreia de Zappa & Mothers reproduzindo o igualmente seminal "Freak Out".
O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, de 88 anos, morreu na madrugada deste sábado (30/08/25) após complicações causadas por um caso grave de pneumonia. Ele estava internado desde o dia 11 de agosto em uma unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Verissimo deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, e três filhos: Pedro, Fernanda e Mariana Verissimo. Ele tinha mal de Parkinson, problemas cardíacos e sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2021. Um ano depois, recebeu um marca-passo no coração.
Filho do escritor Érico Verissimo, Luis Fernando nasceu em Porto Alegre e passou parte da infância e da adolescência nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, atuou em publicidade, antes entrar para o jornalismo. Em "Zero Hora", sua coluna se consolidou como referência. Também foi colunista dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo".
Publicou mais de 80 títulos, entre eles "As Mentiras que os Homens Contam", "O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida", "A Grande Mulher Nua" e "Ed Mort e Outras Histórias".
Foram as crônicas e os contos que o tornaram um dos escritores contemporâneos mais populares no país. O "Analista de Bagé", lançado em 1981, teve a primeira edição esgotada em uma semana.
O escritor construiu uma trajetória profissional rica, com atuação em diferentes áreas e produção em vários formatos. Trabalhou como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista. Sua obra é marcada pelo bom humor, assertividade e crítica. Além das palavras, foi um amante da música, dedicado à prática do saxofone.
Em entrevista ao programa "Sem Censura", da TV Brasil, ele contou como iniciou "tarde" na carreira de escritor, após começar a trabalhar na redação do jornal "Zero Hora", na década de 1960.
"Até os 30 anos eu não tinha a menor ideia de ser escritor, muito menos jornalista. Eu fiz de tudo, e nada deu certo. Aí quando eu comecei a trabalhar em jornal - e naquela época não precisava de diploma de jornalista - foi quando eu descobri a minha vocação. Sempre li muito, mas nunca tinha escrito nada. Então, eu sou um caso meio atípico", disse.
Com fama de ser um homem calado, Verissimo costumava dizer que não era ele que falava pouco, "os outros é que falam muito". Em 2017, quando tinha chegado aos 80 anos, ele disse em entrevista ao programa "Conversa com Rosean Kennedy", da TV Brasil, como gostaria de ser lembrado.
"Gostaria de ser lembrado pelo que eu fiz, pela minha obra, se é que posso chamar de obra, mas pelos meus livros. E, talvez, pelo solo de um saxofone, um blues de saxofone bem acabado", contou.
Na mesma entrevista ele disse que tinha uma fantasia de ser conhecido e viver apenas da música, que era sua paixão. E aconselhou que a vida não deve ser levada tão a sério.
"No fim, pensando bem, a vida é uma grande piada. Acontece tudo isso com a gente, e a gente morre... que piada, né? Que piada de mau gosto. Mas acho que temos que encarar isso com uma certa resignação, uma certa bonomia [bondade]". (Fontes:Agência Brasil e ABL)
A seguir, a íntegra da entrevista ao programa "Conversa com Rosean Kennedy", da TV Brasil:
O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, mais conhecido como Jaguar, morreu neste domingo, 24/08/2025, no Rio de Janeiro, aos 93 anos. Ele estava internado no hospital Copa D’Or, na capital fluminense, por causa de uma pneumonia.
Nascido no Rio de Janeiro, Jaguar iniciou sua carreira na imprensa brasileira desenhando para a revista "Manchete" em 1952. O pseudônimo artístico foi sugestão do colega, também cartunista, Borjalo.
Ele também deixou seu nome na história do jornalismo brasileiro ao fundar, em 1969, o jornal satírico "O Pasquim", em plena ditadura militar, ao lado de outros cartunistas e jornalistas, como Tarso de Castro e Sérgio Cabral.
O impresso fazia grande oposição ao regime através de seus textos irreverentes e do trabalho dos cartunistas. Nesse período trabalhou com outras figuras ilustres como: Henfil, Millôr Fernandes, Ziraldo e Paulo Francis.
Em "O Pasquim", Jaguar cria o rato Sig, uma alegoria ao fundador da psicanálise, Sigmund Freud. O personagem aparece na capa e no começo das matérias, e é a mascote da publicação.
Além de Sig, Jaguar criou outros personagens, com destaque para Gastão, o vomitador; Boris, o homem tronco, e o cartum Chopnics.
Foto: ABI
Paralelamente ao trabalho de cartunista, ele trabalhou por 17 anos como escriturário no Banco do Brasil, emprego que abandonou em 1971.
Durante sua trajetória no desenho passou pela revista "Senhor", os diários "Jornal do Brasil", "Última Hora" e "O Estado de São Paulo".
Em 1999 fez uma nova incursão pelo jornalismo satírico, publicando com Ziraldo e outros colegas do Pasquim a revista "Bundas". Em 2000, lança o livro "Ipanema - Se Não Me Falha a Memória", obra de memórias sobre o bairro de Ipanema, focando nos "anos gloriosos" das décadas de 1960 e 1970.
Já em 2001 publicou o livro “Confesso que Bebi, Memórias de um Amnésico Alcoólico”, que conta suas experiências pessoais em bares cariocas, sua relação com a boemia e a culinária local.
Jaguar teve dois filhos, a escritora Flávia Savary e Pedro Jaguaribe, que faleceu em 1999; ambos com a poeta Olga Savary. Atualmente era casado com a médica Célia Regina Pierantoni. (Da Rádio Agência/EBC)
No meio dos anos 1970, meu então futuro cunhado aparece em casa com o LP "Black Sabbath Vol. 4" (o que tem o hit 'Changes'). É... cunhado serve para algo, às vezes (brincadeira, Machadão, rs...). Foi quando conheci a banda e o carismático vocalista Ozzy Osbourne, morto nesta terça-feira, 22/07/25, aos 76 anos. O disco - entre tantos outros da mesma época - me transformou. Não vou entrar em detalhes, mas mordi meu primeiro pombo ao vê-los no saudoso TV2 Pop Show (precursor da MTV).
Não posso me considerar assim um entusiasta do heavy metal, sou mais Beatles, Doors, Stones, Who, Zeppelin.. Mas algo no Sabbath me ligava. Talvez a vontade de ser doidão sem remorso - e ainda ganhar uma boa grana com isso.
Em 2013, comprei ingresso para a apresentação do Sabbath em São Paulo - com a formação original (Tony, Geezer, Ozzy e Bill). Não fui. Caí num bode raulseixal...
Uma pena. Foi uma de suas inúmeras despedidas dos palcos. Consolidada agora com a ida de Ozzy ao Reino das Trevas.
A gente se encontra logo...
Aliás, o último show de Ozzy com a banda Black Sabbath vai virar filme. A apresentação foi em 5 de julho de 2025, em Birmingham (Inglaterra), terra natal do grupo.
O longa, de 100 minutos, vai se chamar "Back to the Beginning: Ozzy's Final Bow", com estreia prevista para 2026, segundo a revista "Variety". A apresentação marcou a primeira reunião da banda em 20 anos.
"Apocalipse nos Trópicos", mais recente documentário de Petra Costa (de 'Democracia em Vertigem', indicado ao Oscar em 2020), busca responder à questão: como uma Democracia se converte em Teocracia? No caso, ela fixa o olhar no Brasil dos últimos anos, a ascensão das ditas igrejas neopentecostais no país, sua crescente influência na sociedade, culminando em seu imiscuir nos poderes da República. Para tanto, cola na figura do pastor Silas Malafaia, acompanhando parte de sua rotina e ouvindo sua pregação de conquista de mentes e corações em todos os aspectos cruciais da vida: o espírito (claro), a cultura, a educação, a economia, a política...
É aí, em suas próprias palavras, que Malafaia e sua congregação se diferenciam de outras denominações evangélicas (quiçá cristãs): enquanto as outras se ocupam da vida celestial pós-morte de seus fieis, ele também acena para uma vida melhor aqui na Terra.
A ocupação de todas as esferas de interesse da vida, em sua pregação, visa. no fundo, a aniquilação do que ele identifica como o Mal: a Esquerda, o PT, o Comunismo e seu discurso para eles (os crentes) distorcido sobre aborto, liberalização das drogas, direitos de casais homoafetivos etc.
O projeto é claro: depois de a tal bancada evangélica triplicar em pouco tempo, conquistar a Presidência da República e uma cadeira no STF (ou seja, estar presente nos Três Poderes), é impor sua narrativa, seu alcance tentacular em todos os campos possíveis e instaurar aqui (quem sabe no Planeta?) o tal regime Teocrático.
O resultado todos vimos há pouco tempo.
Portanto, antes de o filme desenhar o avanço desse segmento evangélico (sim, porque há outros, menos ambiciosos em questões materiais, eu diria), cuida mais de explicar como uma determinada ideologia e seus ideólogos se valeram de uma tema caro ao ser humano, o Sagrado, para alcançar seus objetivos.
Nos cinemas até 9 de julho e, após 14 de julho, na Netflix.
"Vitória" (Andrucha Waddington), no GloboPlay, e "A Baleia" (Darren Aronofsky), na Netflix, a que assisti neste feriado, são, à primeira vista, filmes distintos. Mas, para mim, o que os conecta é que tratam de pessoas solitárias, às voltas com seus fantasmas e traumas com relação à sua descendência.
No primeiro, Fernanda Montenegro, do alto de seus 95 anos, dá um show de interpretação, como não podia ser diferente, vivendo a história real de uma mulher que se arriscou para fazer as autoridades cumprirem seu dever.
No segundo, o galã Brendan Fraser, vencedor do Oscar® de melhor ator em 2023 por essa atuação, sentindo a proximidade da morte, busca se redimir de erros do passado, e, nesse processo, conclui que "as pessoas são incríveis" (talvez até ele...).
Apesar de o personagem Charlie pesar mais de 300 quilos, a Baleia do título não se refere à sua obesidade mórbida, mas ao clássico da literatura norte-americana "Moby Dick", de Herman Melville (1851) - e a revelação disso é um dos pontos altos do filme.
São filmes que abordam a solidão, a procura pelo sossego de estar bem consigo mesmo, mas que a necessidade de mexer algo no tabuleiro social e existencial leva a mudanças radicais e imprevistas.
Também revi "Tubarão" (Steven Spielberg), no Telecine, para comemorar os 50 anos de seu lançamento.
Um filme que impactou significativamente o conceito de cinema para multidões, inovou a linguagem e a arquitetura do suspense.
Nele, temos um tubarão-branco solitário que surge na fictícia cidade balneária de Amity Island, na costa de Nova York.
Após devorar a primeira banhista, acende o alerta no xerife Brody (Roy Scheider), um sujeito da cidade grande que não gosta de água nem de barco...
Mas que acaba sucumbindo à pressão do prefeito Vaughn (Murray Hamilton), temeroso da perda de receita do turismo com a interdição da praia por segurança.
Após mais uma morte, desta vez de uma criança, a comunidade se une no afã de capturar o bicho e receber a recompensa de 3 mil dólares.
O xerife, solitário em suas apreensões, chama um especialista, Hooper (Richard Dreyfuss), que consegue convencer todos de que a missão não será moleza.
Aí é que entra o pescador, ou melhor, caçador de tubarões Quint (Robert Shaw), que, por 10 mil dólares, uma caixa de conhaque e uma TV em cores (não é piada!) promete trazer o monstro esticado como sardinha...
Só que o veterano quer enfrentar a fera sozinho, no que é desencorajado pelo delegado e pelo acadêmico.
E lá vão os 3 mar adentro, a bordo do Orca (baleia predadora natural dos tubarões... olha a cetáceo aí de novo), exterminar a ameaçadora criatura de dentes e mandíbula (daí a opção do diretor por 'Jaws' no título em vez de 'Shark').
Enfim: 3 filmes em princípio tão díspares, mas que trazem em suas entrelinhas a comovente e divina comédia humana, onde nada é eterno.
Morreu nesta quarta-feira, 11/06/25, Brian Wilson, músico, cantor e compositor americano, fundador e líder da banda Beach Boys. Nascido em 20 de junho de 1942, em Inglewood, Califórnia, Brian é considerado um dos maiores músicos do século XX. A causa da morte não foi divulgada até este momento.
Brian cresceu em uma família musical. Seu pai, Murry Wilson, era um compositor frustrado que incentivou o aprendizado musical de seus filhos, mas também abusava física e emocionalmente deles. Apesar disso, Brian aprendeu a tocar piano sozinho e desenvolveu suas habilidades como compositor estudando música clássica, jazz e R&B.
Em 1961, Brian formou o grupo The Pendletones com seus irmãos Carl e Dennis, seu primo Mike Love e Al Jardine, que mais tarde se tornariam os Beach Boys. Com hits como "I Get Around" e "California Girls", a banda alcançou sucesso estrondoso.
Brian se tornou uma presença exclusivamente de estúdio após um colapso nervoso em 1964, o que permitiu que seu gênio musical desabrochasse.
O álbum "Pet Sounds", de 1966, é considerado um marco na história da música pop contemporânea. Inovador e à frente de seu tempo, o álbum foi um precursor do trabalho dos Beatles. Brian também trabalhou no projeto "Smile", que foi cancelado devido à sua saúde mental e ao comportamento errático.
Brian Wilson foi reconhecido como um dos compositores mais importantes do século XX. Ele foi incluído no Grammy Hall of Fame e na Library of Congress por sua relevância histórica e cultural.
Em 2004, lançou "Brian Wilson Presents Smile", uma versão reimaginada de sua obra-prima perdida, que ganhou um Grammy. Veja o vídeo abaixo:
O músico, compositor e produtor americano Sly Stone, nascido Sylvester Stewart em 15 de março de 1943, em Dallas, Texas, morreu nesta segunda-feira, 9 de junho de 2025, aos 82 anos, vítima de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Ele é mais conhecido por liderar a banda Sly & the Family Stone, uma das principais forças por trás do desenvolvimento do funk nos anos 1960 e 1970.
Sly Stone cresceu em uma família profundamente religiosa em Vallejo, Califórnia, onde começou a desenvolver suas habilidades musicais desde cedo. Ele tocava vários instrumentos, incluindo guitarra, baixo e bateria, e formou sua primeira banda, The Stewart Four, com seus irmãos e irmãs, cantando música gospel.
A banda Sly & the Family Stone foi formada em San Francisco e se tornou conhecida por sua mistura única de funk, soul, rock e psicodelia.
Com membros de diferentes raças e sexos, a banda foi uma das primeiras a alcançar sucesso mainstream com uma formação multirracial.
Alguns de seus sucessos mais famosos incluem "Dance to the Music", "Everyday People" e "Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)".
Sly Stone foi uma figura influente na música popular, e seu trabalho teve um impacto duradouro no desenvolvimento do funk e do rock. Ele foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 1993 e ocupou o 43º lugar na lista dos 100 Maiores Artistas da Revista Rolling Stone.
Abaixo, apresentação da banda no programa Midnight Special em 9 de agosto de 1974
"A Reserva" (Reservatet), minissérie dinamarquesa em 6 capítulos, escrita por Ingeborg Topsøe e dirigida por Per Fly, é um suspense dramático (existe essa categoria?) para se assistir sem muitas expectativas... e sem pressa, porque o ritmo é lento, arrastado, como devem ser os que vivem em temperaturas glaciais.
Aborda famílias abastadas da maior ilha do país, a Zelândia do Norte, e seus relacionamentos com moças filipinas que lá migram para trabalhar como "au pair", mas, na verdade, acabam fazendo todo tipo de tarefa do lar, longe do caráter de intercâmbio cultural que o programa pressupõe.
A trama engrena quando uma dessas meninas, de 22 anos, desaparece, após um jantar na família vizinha de sua anfitriã (patrões, no caso). Antes de sumir, a garota pedira ajuda à vizinha, sem explicar por quê, mas demonstrando pavor. A mulher tira o seu da reta...
Cecilie (Marie Bach Hansen) - a tal vizinha -, talvez tomada por um sentimento de culpa, se importa com o sumiço da garota, de nome Ruby (Donna Levkovski). Seus patrões, Rasmus (Lars Ranthe) e Katarina (Danica Curcic), com todo o preconceito de classe que podem exalar, acreditam que a menina foi se prostituir em outras freguesias, usando-os apenas para poder ingressar no país.
A partir daí, entra em cena uma policial negra, Aicha (Sara Fanta Traore), novata no distrito. Apesar do ceticismo de seus superiores, cisma que a história tem mais rolos do que uma simples escapada. Aí as coisas começam a ganhar contornos de "quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra..." (obrigado, Pitty).
Mas o corpo aparece. Afogado. Sem sinais aparentes de violência (pelo menos é o que a médica legista, pouco interessada no caso, dá a entender, em princípio). Com um feto no ventre. Razão de seu desespero do início da história.
Quem será o pai? Sim, há de se descobrir o genitor para saber se foi o autor do crime. Mas há crime? Tudo leva a crer que fora suicídio. Mas Cecilie acredita que, mesmo indiretamente, este ser a levou a tal medida drástica.
As coisas complicam ainda mais quando se descobre que Ruby fora vítima de estupro. O padre da comunidade quebra o segredo de confessionário para revelar o fato à obstinada policial. Ele que a demovera da ideia de abortar - opção que ela, noiva em sua terra natal, aventara, pois certamente seria rejeitada ao voltar com um filho nos braços.
Ruby, religiosa a ponto de descartar a interrupção da gravidez, resolveria dar cabo da própria vida, pecado igualmente terrível aos olhos de sua fé? Eis o mistério a ser revelado.
Os homens mais próximos e mais evidentes de terem cometido tal atrocidade são postos à prova. A contragosto. DNA. E quem são? O marido de Cecilie, Mike (Simon Sears), condenado anos antes por estupro, e o patrão da filipina, Rasmus, sujeito escroto o suficiente para tanto. Mas...
Para a história ficar ainda mais complexa, há dois adolescentes na parada, há telefones celulares, grupos de whatsapp, câmeras escondidas, drones... Vai vendo...
Já no primeiro episódio o autor dá pistas do que aconteceu. Mas consegue nos enrolar o suficiente para acreditar que qualquer um ali pode ter sido o facínora.
E, ao fim e ao cabo, há alguma surpresa, só se você realmente não se atentar aos detalhes. O célebre truque do mágico: ele te distrai para que não veja onde esconde o coelho.
Levanta questões sérias sobre preconceito, abuso de poder, racismo, arrogância e o abismo que existe entre culturas tão diversas que, por força das circunstâncias, têm de conviver no mesmo espaço.
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira, 23/05/25, aos 81 anos, vítima de complicações de uma malária.
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em Vila de Conceição do Capim, distrito do município de Aimoré (MG), no Vale do Rio Doce, em 8 de fevereiro de 1944. Mas vivia em Paris desde o fim da década de 1960.
Em 1969, a partir do endurecimento do regime militar, ele e a esposa, Lélia Wanick Salgado, decidiram deixar o Brasil e se exilar na França.
Antes de ser fotógrafo, ele obteve o mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo, em 1968, e se tornou doutor pela Université de Paris, em 1971.
Sebastião Salgado trabalhou como secretário da Organização Internacional do Café, em Londres, entre 1971 e 1973, antes de retornar a Paris e passar a fotografar profissionalmente para a agência Sygma, em 1974.
Transferiu-se no ano seguinte para a agência Gamma, iniciando a documentação sobre as condições de vida dos camponeses e índios latino-americanos. Esse trabalho o tornaria mundialmente conhecido.
Em 1979, deixou a Gamma pela agência Magnum, que chegou a presidir e onde permaneceu até 1994. No mesmo ano, criou a Amazonas Imagens com sua esposa.
Era especializado na cobertura dos deslocamentos humanos, da degradação tanto dos seres humanos como dos ambientes, de olhar único e estilo inconfundível, com suas imagens em preto e branco captadas em sua indefectível Laika analógica (só recentemente aderiu ao digital, por praticidade).
Em 30 de março de 1981, enviado da Magnum, trabalhava em uma reportagem do "New York Times" sobre os 100 dias de governo do presidente americano Ronald Reagan. Ele se preparava para fotografar Reagan saindo de um hotel em Washington quando ouviu tiros: o presidente fora baleado e Salgado registrou tudo com suas objetivas.
O fotógrafo documentou o caos que se seguiu ao ataque, desferido por John Warnock Hinckley Jr., um rapaz de 25 anos que disse ter atirado no presidente para chamar atenção da atriz Jodie Foster.
Em abril de 1997, ele lança o livro "Terra", com 137 fotografias retratando gentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
O livro trazia ainda um CD com 4 músicas de Chico Buarque ('Assentamento', 'Brejo da Cruz', 'Levantados do Chão' - com Milton Nascimento -, e 'Fantasia'). O prefácio do livro é do escritor português José Saramago (1922-2010).
Os três estiveram no lançamento da obra na sede do MST em São Paulo e eu estava lá.
Vi algumas exposições de Salgado e não há como negar: suas fotografias falam por si e, mais do que a beleza técnica que expõem, perturbam nossa zona de conforto ao revelar as entranhas deste mundo em que vivemos.
Veja os vídeos de "Assentamento", "Levantados do Chão", "Brejo da Cruz" e "Fantasia":
(Com informações de Agência Brasil, O Globo e ptnotícias)